SERVIÇO ESPECIALIZADO DE APOIO À APRENDIZAGEM
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Fonte: http://www.educacaointegral.df.gov.br/
GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO
Subsecretaria de Gestão Pedagógica e Inclusão Educacional
Diretoria de Execução de Políticas e Planos Educacionais
Gerência de Ensino Fundamental
Núcleo de Apoio Pedagógico e Orientação Educacional
O presente documento traz as novas diretrizes técnicas e pedagógicas para a atuação dos profissionais que compõem as Equipes Especializadas de Apoio à Aprendizagem – EEAA, no âmbito da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal.
As EEAA constituem-se em um serviço de apoio técnico-pedagógico, de caráter multidisciplinar, composto por profissionais com formação em Psicologia e em Pedagogia. Cabe enfatizar que os profissionais de psicologia, embora tenham sua atuação voltada para o contexto educacional, caracterizando-se, então, como Psicólogo Escolar, serão doravante denominados Psicólogos, em função da nomenclatura oficial tanto da formação inicial como do cargo investido no âmbito da SEDF
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Perfil do Psicólogo (da página 84 a 87)
A atuação do psicólogo vem passando, desde a década de 1990, por questionamentos contínuos relacionados ao uso de práticas clínicas, centradas no tratamento do aluno que manifestava a dificuldade de aprendizagem.
Na virada do século XXI, estudiosos da área avançaram desse contexto de questionamento para a sistematização de práticas emergentes e de consolidação de outras que, embora consideradas tradicionais, contribuem satisfatoriamente para apoiar o processo de aprendizagem, no que compete à intervenção psicológica (Araújo, 2003; Barbosa, 2008; Martínez, 2003; Neves, 2001, Vectore, 2007).
O atual perfil de atuação do psicólogo, no âmbito da instituição educacional, coaduna-se à compreensão de um profissional que, de acordo com Marinho-Araújo e Almeida (2005) realiza:
(…) a análise das relações interpessoais, como unidade de análise da prática pedagógica para, entre outras ações preventivas, criar com e entre professores um espaço de interlocução que privilegie não só aspectos objetivos do desenvolvimento e da aprendizagem humana, mas, sobretudo, o exercício da conscientização dos aspectos intersubjetivos, constitutivos desse desenvolvimento, o psicólogo estaria contribuindo para a promoção da conscientização de papéis, funções e responsabilidades dos participantes das complexas redes interativas que permeiam o contexto escolar (p. 67).
A respeito da relação da Psicologia com a Educação deve se destacar que, atualmente, o trabalho psicológico privilegia a reflexão e a intervenção nos espaços de discussão da instituição educacional, auxiliando para a transformação desse espaço em local de valorização do ser humano. Essas novas articulações no âmbito da instituição educacional acabam por ressignificar o relacionamento entre as áreas citadas, outrora marcadas pela adoção de concepções naturalizantes e psicologizantes acerca dos processos de aprendizagem e de desenvolvimento.
O psicólogo que atua no âmbito das EEAA deve possuir formação em nível superior, com diploma devidamente registrado, fornecido por instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação, e registro atualizado no Conselho Regional de Psicologia – 1ª Região.
Deve constituir-se como membro efetivo do contexto escolar que trabalha, atuando na ressignificação das concepções dos atores da instituição educacional, especialmente no que se refere à compreensão de como ocorrem a aprendizagem e o desenvolvimento. Para tanto, utiliza estratégias metodológicas específicas como o mapeamento institucional e a escuta clínica, que lhe permite compreender as “vozes institucionais”, isto é, as recorrências de significados e de sentidos que ”ecoam” de professores e demais funcionários acerca do contexto escolar, do processo de ensino e de aprendizagem e das relações interpessoais estabelecidas.
Assim, o perfil do psicólogo, no âmbito da instituição educacional, deve compreender, entre outros aspectos, o desenvolvimento dos seguintes recursos mobilizadores de competências: 19
• capacidade de análise, aplicação, re-elaboração e síntese do conhecimento psicológico, quando aplicado ao contexto de intervenção profissional;
• clareza substancial da relação entre as concepções teóricas sobre o conhecimento psicológico e o trabalho a ser desenvolvido;
• postura crítica, lúcida e permanentemente reflexiva acerca do homem, do mundo e da sociedade, em função do contexto social no qual está inserido;
• busca constante de fundamentação e de segurança para o planejamento de estratégias interdisciplinares de comunicação e de ação que integrem e legitimem a intervenção psicológica;
• comprometimento com o exercício de uma função políticosocial transformadora, exercendo-a eticamente no campo educacional;
• domínio de teorias, de conceitos e de metodologias da Psicologia para intervenções psicológicas de caráter preventivo, individual ou coletivo, em contextos educativos;
• disponibilidade para socializar saberes, promover a circulação de informações, estimular a participação coletiva e o diálogo em equipes profissionais e multiprofissionais, compartilhando metas e objetivos comuns;
• sensibilidade para integrar, nos processos relacionais, saberes e conhecimentos, ouvindo o outro, respeitando diferentes pontos de vista, abrindo-se para o novo, disponibilizando conquistas pessoais em prol de projetos coletivos;
• facilidade em buscar alternativas de resolução de problemas, por meio de habilidades comunicativas e cooperativas;
• sensibilidade para integrar saberes e conhecimentos na relação com o outro;
• disseminação de uma cultura de esperança e de confiança nas ações humanas e nas transformações sociais;
• habilidade para escutar, incentivar e orientar os professores para o desenvolvimento de estratégias relacionais e de ensino específicas para os alunos com queixas escolares;
• habilidade para escutar e para orientar pais e familiares, em relação aos aspectos que interfiram direta ou indiretamente no desempenho escolar dos alunos, tais como relacionais, subjetivos, pedagógicos;
• habilidade para escutar e orientar os alunos com queixas escolares;
• desenvolvimento de um compromisso políticocom o movimento histórico de mudanças pessoais e coletivas;
• responsabilidade pelas escolhas feitas e por suas consequências;
• comprometimento com ações éticas.
19 Em Araújo, (2003, p. 115-118); Marinho-Araújo e Almeida (2003, pp. 77-78) e Marinho-Araújo (2007, p. 31). “(…) Nenhum curso de formação pode abarcar todas as necessidades dos sujeitos singulares nem todas as necessidades de uma prática profissional altamente complexa e diferenciada (…). Por isso é que o autodidatismo se constitui numa importante figura na formação” (Martinez, 2007, p. 130).